sexta-feira, 1 de abril de 2011

Os livros que não se deixam folhear - Eduardo Sá

Os livros que não se deixam folhear

"Ninguém cresce vazio, por mais que, num olhar de fugida, se sinta assim. Quem nos preenche são as pessoas. Mesmo que, da sua presença no nosso crescimento, fique como rasto um aparente e interminável vazio.
O vazio é indissociável da «conta-corrente» das nossas relações mais significativas. Anuncia um estado deficitário que, se acumula, nos empurra para um enorme «tanto faz». Na verdade, o vazio é a bruma com que protegemos, dos nossos ressentimentos, as pessoas que transformam o mundo interior numa biblioteca que se foi preenchendo com livros que nunca se deixaram folhear.
O vazio é uma depressão sem se estar triste. Uma dor que adormece devagar.
Será altura de folhear os livros ou mesmo de «começar de novo», com pessoas que o preencham mais e lhe devolvam a vida interior que, muitas das que fazem parte de si lhe terão tirado."

Eduardo Sá "Tudo o que amor não é"

1 comentário:

  1. Pois,não sei,fui apanhada de surpresa,mas reconheço no que li como identificação do blogue uma verdade íncrivel. Vou aprofundar o assunto.

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