sábado, 25 de setembro de 2010

A perfeição da miragem

“Imagina que as cores se foram separando até chegar às primitivas e que, quando as misturo, não me engano. Entendes o que aqui escrevo? É preciso saber separar as águas, as cores, o coração da cabeça, a paixão do amor, a realidade da ficção, ainda que por vezes nos enganemos e tomemos o certo pelo errado ou vice-versa. (…) Querer e conseguir não são o mesmo; só consegues quando queres, o contrário não é possível. Escrevo para me ler e para me ouvir, porque também preciso das minhas palavras. Preciso que elas me alimentem sem que ao mesmo tempo me matem. Palavras de alento e de esperança, agora com os pés na terra, em vez de voar como um pássaro atrás de quimeras. Quantas vezes os oásis mais desejados não passam de miragens!”

Margarida Rebelo Pinto, “ O Dia Em Que Te Esqueci”
Foto: Cícero Lee

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