sábado, 25 de setembro de 2010

Escravos do Luxo

“Enquanto lutava, via as pessoas falar em nome da liberdade, e quanto mais defendiam este direito único mais escravas se mostravam dos desejos dos seus pais, de um casamento onde prometiam ficar com o outro “para o resto da vida”, da balança, das dietas, dos projectos interrompidos a meio, dos amores aos quais não se podia dizer “não” ou “basta”, dos fins-de-semana em que eram obrigadas a comer com quem não desejavam. Escravas do luxo, da aparência do luxo, da aparência da aparência do luxo. Escravos de uma vida que não tinham escolhido, mas que tinham decidido viver – porque alguém acabou por convencê-los de que aquilo era o melhor para eles. E assim seguiam os seus dias e noites iguais, em que a aventura era uma palavra num livro ou uma imagem de televisão sempre ligada, e, quando qualquer porta se abria, diziam sempre: “ Não interessa, não tenho vontade.”

Paulo Coelho, “O zahir”
Foto: Mariana Dias

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